As contas do Rosário*
A vida é um rosário de perdas.
Dos dias, perdemos as horas;
e, nessas horas, esvaem-se as dores.
Pelas dores, vão-se os amores;
dos amores, a inocência.
Sem inocência, não há pureza;
e, sem pureza, quebra-se o encanto.
O desencanto deixa cicatrizes,
que permanecem, ferindo as memórias.
Das memórias, esquecemos os rostos;
e, dos rostos, o brilho dos olhos.
Dos olhos, dissipam-se os sonhos;
e, sem sonhos, não há existência.
*Misael Nóbrega de Sousa