O deputado paraibano Hugo Motta (Republicanos), novo presidente da Câmara dos Deputados, concedeu sua primeira entrevista exclusiva a um canal de TV aberta, falando à Record TV sobre suas prioridades no comando da Casa e abordando temas sensíveis, como as emendas parlamentares e a relação entre os poderes.
Motta foi enfático ao afirmar que a Câmara dos Deputados não pode ser responsabilizada por eventuais irregularidades cometidas por alguns parlamentares na destinação de emendas. “A Câmara não está para proteger quem faz errado. Agora, também não podemos aceitar que se retire uma prerrogativa do Congresso de participar das indicações ao Orçamento Geral da União”, disse.
Ele ainda destacou que, caso existam irregularidades, elas são exceções, e que os órgãos competentes devem atuar para punir os envolvidos. “Se isso vier a acontecer, é a exceção da exceção. Queremos que o próprio Supremo Tribunal Federal e a Polícia Federal investiguem e punam quem tiver cometido algum tipo de delito”, pontuou.
Busca por pacificação entre os poderes
Ao ser questionado sobre as recentes tensões entre os poderes, Motta defendeu um discurso de pacificação e afirmou que buscará o diálogo com o Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar conflitos institucionais. “O Brasil tem outros graves e grandes problemas para estar perdendo energia com os poderes batendo cabeça. Quando há essa intervenção de um poder no outro, é muito ruim para o país e acabamos deixando de cuidar daquilo que realmente importa”, argumentou.
O novo presidente da Câmara disse que pretende dialogar com ministros do STF, incluindo o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, e o ministro da Justiça, Flávio Dino. “Vamos buscar conversar para dizer que não há, da nossa parte, interesse no aumento de um tensionamento. Todo mundo sai perdendo quando isso acontece”, ressaltou.
Continuidade e protagonismo no Legislativo
Motta também fez elogios ao ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmando que seu antecessor deixou um legado positivo ao fortalecer o parlamento e garantir maior protagonismo à Casa. Ele garantiu que pretende manter essa linha, mas com seu próprio estilo de liderança.
“Cada pessoa tem o seu estilo e a sua maneira de agir. O presidente Arthur tem o estilo dele, e eu terei o meu. O que eu vou procurar fazer é otimizar tudo que puder para trazer mais eficiência, dividir mais o protagonismo da Câmara entre os parlamentares e organizar a pauta de uma forma que deputados e deputadas tenham condição de debater melhor os assuntos que estão sendo votados”, explicou.
O fortalecimento das comissões permanentes também estará no foco de sua gestão, segundo Motta. “Quando o debate acontece nas comissões, você prestigia os parlamentares que fazem parte delas. Os presidentes das comissões terão a responsabilidade de distribuir relatorias, pautar os assuntos e, com isso, fortalecer o protagonismo da Casa”, concluiu.
Com um discurso voltado ao diálogo e à eficiência do Legislativo, Hugo Motta assume a presidência da Câmara dos Deputados com desafios políticos e institucionais significativos, buscando equilibrar o poder do Congresso e manter uma relação harmoniosa com os demais poderes da República.
Por: Napoleão Soares