O que muitos só veem por imagens na televisão ou internet, o padre patoense Edvan Cabral viveu e viu com os próprios olhos. Ele presenciou, em Roma, todos os momentos que marcaram a morte do Papa Francisco e a escolha do novo pontífice, Leão XIV.

Natural de Patos, mas criado em Cacimba de Areia, onde toda sua família mora e trabalha, padre Edvan está em Roma desde agosto de 2024. Enviado pela Diocese de Patos, ele reside no Pontifício Colégio Pio Brasileiro, junto a mais de 100 padres de diversas partes do Brasil.

A missão é clara: aprofundar seus estudos para um projeto futuro da própria diocese da Capital do Sertão ou da Igreja onde for necessário. Ele cursa mestrado em Ciências Litúrgicas no Pontifício Ateneo Santo Anselmo, em Roma, onde convive diariamente com padres e religiosas de várias nacionalidades. As aulas são ministradas em diferentes idiomas como  italiano, francês, inglês, coreano, e a experiência cultural vai além da sala contemplando também arte, música e espiritualidade como parte da rotina.

Antes de embarcar para Roma, o sacerdote exerceu diversas funções pastorais na Diocese de Patos. Foi vigário na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no bairro Belo Horizonte, administrador paroquial de São Francisco, no Noé Trajano, e também desempenhou outras funções na diocese.

Mas foi no final de abril de 2025 que padre Edvan viveu um momento que jamais imaginou: a morte do Papa Francisco.

 Ainda nem se completava um dia da Páscoa, depois de nos ter dado a Benção Urbi et Orbi, ele nos deixa como num sono divino”, escreveu.

O anúncio oficial veio na manhã do dia 21 de abril, feito pelo Camerlengo, cardeal responsável pela Basíliaca de Roma, com pesar visível e olhos marejados: o Papa havia falecido às 7h45.

Os sinos das igrejas tocaram os sons fúnebres, avisando: a Igreja está de luto. O Pai Universal havia morrido.” A comoção foi imediata. Ao mesmo tempo em que a cidade entrava em silêncio de oração, começavam os preparativos burocráticos para o funeral, as missas solenes, os comunicados oficiais e a convocação dos cardeais de todo o mundo para o Conclave.

No Pontifício Colégio onde padre Edvan mora, os sete cardeais brasileiros ficaram hospedados. Com isso, ele teve a oportunidade rara de acompanhar de perto os bastidores de um dos momentos mais importantes da Igreja Católica.

O Conclave foi um dos mais rápidos da história, com duração de pouco mais de 24 horas e quatro votações. A primeira aconteceu na tarde do dia 5 de maio.

Ficamos aguardando até as 21h aqui de Roma. A praça estava cheia, cerca de 50 mil pessoas.”

Na manhã seguinte, quinta-feira, dia 6 de maio, houve nova expectativa. A fumaça preta voltou a sair da chaminé, indicando que ainda não havia consenso. Mas tudo mudou por volta das 18h40.

A primavera aqui está quente. Muitas crianças, famílias inteiras e muitos brasileiros ocupavam a Praça de São Pedro. Quando a fumaça branca subiu, a praça explodiu: gritos, bandeiras tremulando, cartazes, cantos, muitos chegaram a se emocionar como eu que chorei de felicidade. Estávamos ali, diante de um evento histórico que nunca imaginamos. Eu, lá do interior da paraíba, testemunhando algo tão lindo na Igreja”.

Minutos depois, os sinos da Basílica soaram.

As bandas e as guardas suíça e italiana tocaram seus hinos. A emoção que estava guardada, explodiu da garganta da multidão.”

O anúncio veio: Habemus Papam. O novo Papa escolheu o nome Leão XIV, numa clara referência a figuras históricas da Igreja em momentos decisivos.

Padre Edvan lembra com detalhes o primeiro discurso do novo pontífice: breve, mas carregado de significado.

Ele falou de paz, comunhão e missão. Nos olhou com lágrimas sutis e um sorriso tímido. Mas havia firmeza na voz e nos gestos.”

O momento foi simbólico para o mundo, mas também muito pessoal.

Uma experiência indescritível”.

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